Mas será que , apesar de todas as
circunstâncias que nos envolvem, não temos mesmo tempo? Os cafés, os
cabeleireiros, os ginásios, as lojas dos shoppings… estão cheios de pais
que se queixam de falta de tempo para os seus filhos. Muitas vezes o
pai e a mãe têm tempo para ver o futebol, o jornal ou o telejornal,
tempo para ver a novela, o concurso, para por a conversa em dia ao
telefone, para navegar na internet, e para muitas outras coisas… mas se
um filho vem para falar com ele, muitas vezes ouve a resposta: “AGORA
NÃO, DEPOIS”. Um depois, que acaba, quase sempre, por não acontecer.
Temos tempo para aquilo que nos agrada e não nos dá demasiado trabalho!
O que acontece é que, para podermos
descansar de um dia agitado, gostamos de fazer aquilo que nos dá prazer e
preferimos que os nossos filhos não nos incomodem. Então, rodeamo-los
de todos os brinquedos e meios que os possam distrair como: o
computador, a TV, IPODs, Consolas, PSPs, telemóveis, etc.
No JPN diz: “Cinco horas é quanto as crianças portuguesas passam, em média, por dia, na companhia dos meios de comunicação”.
Eu pessoalmente não sou contra a
televisão. Sou contra o mau uso que fazemos dela, o tempo que perdemos
com ela, a importância que lhe damos e, principalmente, o deixar os
nossos filhos em frente ao ecrã, vendo tudo o que está a dar sem, por
vezes, termos a noção do que estão a vêr. Certamente ficaríamos
preocupados se estranhos viessem falar com eles, mas deixamos que
estranhos entrem pela nossa casa através do ecrã e passem todas as
filosofias, conceitos e imagens que desejam para a mente dos nossos
filhos.
Não queiramos queimar toda a
tecnologia que temos ao nosso dispor, mas temos de aprender a usar
aquilo que temos, ensinando os nossos filhos, desde cedo, a fazer
escolhas.
Um estudo da Duracell Toy Survey, de
2007, revela que, de toda a Europa, as crianças portuguesas são as que
menos brincam, diariamente, com os pais. Do total de inquiridos, apenas
6% das crianças portuguesas, referem brincar diariamente com os pais. A
Duracell pretende alertar os pais e as famílias portuguesas para uma
problemática que tende a aumentar de ano para ano com os novos ritmos de
vida impostos pela sociedade moderna.
Acredito que muitos pais não
descobriram a tempo que existe uma única maneira de não gastar tempo com
os filhos: Basta não os ter!
O psicólogo inglês Steve Biddulph,
um dos mais requisitados especialistas em educação de crianças diz:
“Esta é, com certeza, a geração mais abandonada de todos os tempos”.
Um dos problemas que se coloca hoje
em dia é que os pais demitem-se das suas funções de pais e delegam para
terceiros a educação dos seus filhos. Passam a responsabilidade à
escola, à igreja, aos avós, etc.. que deveriam ser apenas auxiliares dos
pais nesta difícil tarefa de educar uma criança.
Muitos pais pensam que criar um
filho fica apenas por dar-lhe de comer, de vestir, levá-lo ao médico,
colocá-lo em boas escolas, nos escuteiros, na natação, no piano, etc…
mas é essencial passar valores, criar uma ligação, uma identidade!
Hoje em dia fala-se muito do TEMPO
DE QUALIDADE, para que os pais não se sintam culpados do pouco tempo que
dedicam aos seus filhos. Mas, o que terá mais influência na passagem de
valores: 5 horas de televisão ou 15 minutos de conversa com um pai?
Será que o pouco tempo que por vezes passamos com os nossos filhos é o
suficiente para os influenciar positivamente, contra as várias
influências que eles sofrem no seu dia a dia?
Num relatório da conhecida UNICEF é
dito que: “As crianças dos países ricos passam a maior parte do dia
longe dos pais. Os países mais ricos não estão a dar a atenção que
deviam às crianças, que passam a maior parte do dia confiados a outros,
enquanto os pais trabalham.”
Cada um de nós tem de estabelecer
quais as verdadeiras prioridades da sua vida. Será que temos procurado
dar o melhor de nós, aproveitando, por exemplo, a tenra idade dos nossos
filhos para semear a semente dos bons valores, ou continuamos a
desculpar-nos apenas com a falta de tempo? Um dia podemos acordar e
descobrir que talvez seja tarde demais! Se qdo eles queriam ir ter
connosco nós dizíamos “AGORA NÃO”, poderá chegar a altura em que sejam
eles que já não nos querem mais ouvir! PENSE NISSO!
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